
Não se escolhe onde nasce e quem serão nossos pais. No interior do Ceará é preciso ter sorte, dedicação e oportunidades para crescer e ter destaque, mas enquanto a vida adulta não chega, do que brincaram e brincam as crianças nascidas neste nosso lugar?
Foram-se anos e o avanço de tecnologias afetou os brinquedos, proporcionando novas ferramentas e mecanismos para as brincadeiras. Mas há quase 50 anos atrás, quais eram as brincadeiras e os brinquedos que as crianças faziam para se entreter?
Eram bolas e bonecas, carros e piões, feitos de material mais simples e fáceis de se obter, sacolas, restos de madeiras, latas, retalhos e tecidos de roupas velhas. A possibilidade de produção de brinquedos era reduzida, no entanto a criatividade do cearense sempre foi aguçada.
A dificuldade de água e alimentação no interior sempre foi um desafio. Muitas crianças deixaram a infância de lado para ajudar suas famílias a se sustentarem e conseguirem sobreviver. Isso acontecia frequentemente, deixar as brincadeiras e os estudos por afazeres domésticos e a vida na roça.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, cerca de 2,5 milhões de crianças e adolescentes, entre cinco a 17 anos são explorados por trabalho infantil remunerado ou doméstico.
Seguir com simplicidade e com poucos estudos era a caracterização do desenvolvimento de quem cresceu no sertão cearense em décadas passadas. Na memória ficaram as lembranças de brincadeiras, encontros, brigas e aventuras de um tempo que está arquivado como flashes de cenas perdidas na memória.
Na infância do interior, o tempo passa mais devagar, o quintal é a mata, e a estrada forma caminhos de muita correria e barulho. Aventuras sem brinquedos, mas com olhares espertos e atentos ao que se passa em volta. São de simplicidades e de uma brincadeira com animal de curral que a infância do interiorano passou.
O ensaio "Andanças: Paisagens que ficam" é uma viagem às nossas próprias origens nordestinas. E é também uma forma poética e cativante de contar a história de uma das regiões culturalmente mais ricas do Brasil.
Ao ouvir a palavra sertão, sempre associamos à fome, à miséria e à seca. Mas através do presente ensaio é possível ver que o sertão é um lugar cheio de cores vivas, um céu azul e que é possível encontrar alegria mesmo na paisagem árida.
Ao caminhar pelas estradas de terra, observamos o povo alegre, forte, resiliente e batalhador. Além da rica fauna e flora presente neste lugar.
Quer saber mais sobre a infância no interior?
Assista as entrevistas com a Dona Celestina e com Valmir Lucas!